Engana-se quem acha que as cidades inteligentes se resumem a cenários futurísticos, à base de inteligências artificiais e à lá filmes como Blade Runner, de Ridley Scott.
A realidade é mais pé no chão e, diga-se de passagem, bem mais animadora que os cenários áridos e intoxicantes que vemos no filme do diretor estadunidense.
No contexto das cidades inteligentes o futuro é bem mais tangível. Não teremos máquinas subvertendo ordens de seus criadores humanos, armas que disparam raios lasers ou disputas por recursos naturais. Pelo menos não por agora. É o que esperamos.
A ideia de cidades inteligentes não é mais um mero conceito e já não pertence ao futuro. É, na verdade, uma possibilidade do agora que tem sido, inclusive, colocada em prática mundo afora.
Como deu para perceber, este texto não é sobre concepções futurísticas cinematográficas, ou universos Sci Fi fabulativos a respeito da tecnologia e sociedade.
O assunto aqui é real e aborda como funcionam as cidades inteligentes. Não sabe o que a gente está falando, ou até sabe, mas ficou curioso a respeito do nosso ponto de vista? Então continua a leitura, que o nosso conteúdo é jogo rápido, mas de qualidade.
A ideia de inteligência, de modo geral, está ligada à capacidade de entender questões complexas. Por exemplo, você já deve ter ouvido falar sobre o físico alemão Albert Einstein. Sim, aquele sujeito que é precursor da Teoria da Relatividade.
Mas essa ideia sobre inteligência é simples e não dá conta da dimensão do que de fato ela pode significar.
De forma resumida, inteligência seria também uma maneira de resolver problemas a partir das nossas habilidades. Sejam elas quais forem.
Um cozinheiro amador pode decidir se aumentar ou diminuir a quantidade de ovos de uma receita pode ser favorável ou não para seu bolo. Em outras palavras, é a partir da sua habilidade prévia e experiências já vividas que ele tomará a decisão.
Ele então resolve o dilema tomando uma decisão com base nas suas próprias habilidades portanto.
A inteligência, nesse caso, é um aspecto que define menos quem é melhor ou pior em determinada atividade, e está mais relacionada à capacidade de resolver problemas e a tomar decisões.
A busca por combustíveis menos poluentes é uma verdade nas últimas décadas. E já sabemos que já existe tecnologia disponível para isso. São os conhecidos carros movidos à eletricidade.
Acontece que essa tecnologia ainda é cara e pouco acessível para a maioria da população. Aí que a inteligência entra.
E se como forma de redução de gás carbônico emitido por automóveis, órgãos públicos, instituições privadas e sociedade optassem por melhorar o acesso ao transporte público?
Ou seja, com melhores condições de locomoção pública pela cidade, as pessoas deixariam seus carros na garagem e, por efeito, seria reduzida a emissão de poluentes na natureza. Certo?
E o que possibilitaria a melhora, nesse caso, do transporte público em uma cidade é justamente a tecnologia.
Isto é, usar a tecnologia de forma inteligente para que sejam tomadas melhores decisões em relação à vida das pessoas.
Algumas pesquisas apontam que as cidades inteligentes podem ser caracterizadas a partir de algumas características. O que determinaria se uma cidade é ou não inteligente, seria o grau da prática dos aspectos a seguir.
O conceito se refere a capacidade de instituições, neste caso o poder público, de administrar seus recursos naturais, sociais e econômicos em prol da população. Visando, dessa maneira, a partir do planejamento de políticas públicas, o desenvolvimento social.
Aqui, o uso da tecnologia não é simplesmente implementar equipamentos e infraestruturas de última geração pelos centros urbanos. A tecnologia diz respeito ao uso consciente e estratégico de recursos inovadores, com propósito objetivos e com a finalidade de melhorar, sobretudo, a vida de todos.
Imagine poder ter acesso aos serviços públicos com a mesma facilidade como acessamos as nossas redes sociais pelo aparelho celular, por exemplo.
Consultas médicas pré-agendadas em poucos cliques. Acesso em tempo real a rotas de trânsito e a ao quadro de horários de transportes públicos.
Serviços automatizados nas prefeituras. Modos de viver a cidade facilitados e que entregam resultados reais à população.
Melhor interação entre cidadãos e poder público, entre outras possibilidades. Esses são uns dos aspectos que as cidades inteligentes podem oferecer.
A implementação de soluções inteligentes em centros urbanos tem demonstrado melhoria significativa no cotidiano das pessoas. Países que têm trabalhado para potencializar o funcionamento de cidades inteligentes indicam que a tecnologia a serviço da cidade gera:
A capital de São Paulo foi eleita a cidade mais inteligente e conectada do Brasil em 2020, no Ranking Connected Smart Cities.
A classificação demonstra, portanto, que é possível perceber não só projeções a longo prazo, mas a implementação no presente de soluções estratégicas e inteligentes que melhoram a vida urbana.
São Paulo passou a tramitar, por exemplo, licenciamentos de obras de modo 100% digital. A iniciativa passou a acelerar políticas públicas de habitação social.
Percebemos aqui um exemplo prático de como o uso da tecnologia pode humanizar as relações entre poder público e cidadãos, acelerar o desenvolvimento social, econômico e urbanístico dos municípios.
O desafio brasileiro se dá sobretudo levando-se em consideração a grande diversidade dos municípios do nosso país, que somam mais de 5.500 cidades.
São Paulo exemplifica um grande centro urbano. De modo contrário, municípios menores e com capacidade econômica reduzida precisariam de algum incentivo fiscal público/privado para transformar seus centros em cidades inteligentes.
Não só no Brasil, mas no mundo, os desafios vão além da implementação de aparatos e dispositivos tecnológicos.
Como já deu para perceber, o conceito cidades inteligentes leva em consideração o bem estar social, a qualidade de vida e a humanização das relações. No Brasil, já estão em curso debates sobre políticas que oficializaram esse novo modelo de sociedade.
A Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados tem discutido o Projeto de Lei 976/21 que prevê uma política a nível nacional para implementação de recursos tecnológicos que melhoram a vida dos cidadãos.