Um modelo de governo 4.0 pode ser uma aposta estratégica e eficiente para serviços públicos brasileiros.
A hiperdigitalização do nosso cotidiano é tão comum que talvez não percebamos. Mas fato é que estar desconectado da internet é algo quase impossível nas últimas décadas.
Ao acordar, o primeiro objeto que tocamos, muito possivelmente, antes mesmo de escovar os dentes, é o celular.
Antes de dormir, ‘rolamos’ o feed de alguma rede social ou de alguma página online qualquer. Em síntese, fazemos quase tudo com as pontas dos dedos, pelo celular, ou pela tela do computador, em poucos cliques.
Só percebemos a nossa hiperconectividade com o mundo online quando as principais redes mundiais, Instagram, Facebook, WhatsApp, saem do ‘ar’ por algum motivo técnico, como aconteceu nas últimas semanas.
“E agora, o que fazer?” - Pergunta que muitos de nós fizemos ao experimentar a desintoxicação digital forçada durante o apagão das redes.
No cotidiano, a transformação digital já não é mais uma novidade. Se tornou um hábito. Na pior das hipóteses, como dizem alguns especialistas, a tecnologia e os gadgets são hoje uma extensão do corpo humano.
Se em nosso cotidiano e para as empresas privadas, no ambiente empresarial, o uso da tecnologia é essencial, por outro lado, parece que para a administração pública os primeiros passos em direção à hiperconectividade ainda são iniciais.
Essa nova maneira de governar, com o auxílio da tecnologia, se resume em modelos conhecidos como Gestões Digitais e tem como princípio o modelo Governo 4.0.
Descubra neste texto do que se trata um Governo 4.0 e se ele já é uma realidade no Brasil.
O termo Governo 4.0 nasce do conceito de Indústria 4.0. Este último, por sua vez, está associado à ideia de Revolução Industrial 4.0 que marca as grandes mudanças tecnológicas ocorridas nos últimos anos na sociedade.
O conceito de Revolução 4.0 faz referência, como se dá para perceber, à Revolução Industrial ocorrida em meados do século XVIII, sobretudo na Inglaterra, quando os processos de manufatura são profundamente alterados.
A então agora conhecida Indústria 4.0 é caracterizada pelo uso ilimitado de recursos tecnológicos para aumentar a produtividade, eficiência e propiciar, desse modo, o desenvolvimento de produtos e serviços em larga escala.
O uso da tecnologia de ponta para acelerar o desenvolvimento econômico das instituições privadas não é exatamente uma novidade.
O que tem surpreendido mesmo é a absorção desses ‘modos de operação’ tecnológicos pelo setor público.
O futuro está aqui, e não só para a iniciativa privada, mas para órgãos públicos. A Indústria 4.0 abriu espaços e modos de se potencializar a produtividade da iniciativa privada.
A implantação de tecnologias como um meio que pode garantir máxima entrega de serviços e eficiência estimulou os governos a absorverem formas mais precisas de administração.
Em um mundo cada vez mais competitivo, as gestões públicas têm trabalhado para conseguir acompanhar as rápidas mudanças que acontecem todos os dias.
Governos 4.0 podem ser caracterizados a partir da absorção de tecnologias voltadas para melhorar a relação entre Estado e sociedade.
Os principais aspectos desses modos de gestão são quase sempre os mesmos: melhorar a eficiência, a produtividade, a segurança e a facilidade nos fluxos dos serviços.
Conheça a seguir as características básicas que podem estar parciais ou completamente inseridas em Governos 4.0.
A digitalização de serviços é um dos primeiros passos para a transformação dos modelos convencionais de gestão.
Digitalizar consiste basicamente em substituir uma atividade que é feita manualmente por fluxos digitais.
Na prática, uma parte significativa do funcionamento de uma instituição acontece em um mundo virtual, a partir de algoritmos e com a ajuda da tecnologia.
A digitalização é um dos aspectos mais básicos dos Governos 4.0.
No Brasil, existem cerca de 3 mil serviços disponibilizados pelo Governo. Desse montante, pouco mais da metade são executadas de forma digital que é, como já vimos, a substituição de uma, ou mais, atividade manual por fluxos digitais.
Se por um lado percebemos um esforço do poder público para aderir práticas de gestão baseadas na ideia de Governos 4.0, por outro, ainda estamos distantes do que realmente a tecnologia pode oferecer.
Governos 4.0 se pautam prioritariamente pela integração de sistemas. Podemos dizer que integrar significa facilitar.
Por exemplo, se você fizer uma compra pela internet basta preencher o seu CEP, ou parte do endereço da sua casa, para que a página preencha automaticamente o restante de dados.
Isso acontece porque os sites têm um tipo de integração com um sistema externo (geralmente os dos Correios) de busca de endereços.
Para que os clientes não precisem sair da página para procurar o número de CEP, as empresas investem nesse tipo de serviço para facilitar o processo de compra.
Agora imagine essas integrações para serviços complexos tramitados pelas gestões públicas. Seria uma mão na roda, certo?
Em Governos 4.0, a integralização de serviços garante que os cidadãos acessem qualquer tipo de serviço por meio de uma única plataforma.
Se por um lado o gerenciamento de serviços públicos por meio do papel gera altos custos para os governos, por outro, o armazenamento em servidores físicos também não sai baratos.
A tecnologia de servidores físicos já é ultrapassada para Governos 4.0.
O armazenamento em nuvens, que pode ter espaço ilimitado, o que significa poder infinito de armazenamento, permite às empresas mais segurança na administração de dados e maior facilidade para acessar recursos computacionais.
Os altos investimentos em modos convencionais de gerenciamento são substituídos por hospedagem em um tipo de Datacenter que não ocupa espaço físico e pode ser acessado por diferentes dispositivos remotos.
Nesse sentido, a economia gerada com essa característica da revolução digital 4.0 pode ser direcionada às atividades principais e mais estratégicas de uma organização.
A ideia de Artificial Intelligence, que traduzido é Inteligência Artificial, utiliza análises avançadas para se tomar decisões baseadas em lógicas, sem a intervenção humana.
A Inteligência Artificial ainda é um mecanismo pouco usado nos serviços públicos brasileiros. Mas já podemos notar, por exemplo, que algumas plataformas de digitalização já possuem uma espécie de serviço que automatiza a entrada e a saída de requerimentos sem a necessidade de atuação humana.
A automatização reduz a entrada de requerimentos com dados incompletos. Isso evita que um funcionário público, por exemplo, comece a analisar um pedido de alvará sem que todos os dados necessários tenham sido submetidos ao órgão competente.
O sistema, de forma automática, e que também é pré-configurado, sinaliza para quem está solicitando o serviço o que deve ser feito para dar continuidade no processo.
Os governos que têm optado por digitalizar seus fluxos de atividades encontram melhor praticidade ao tramitar seus serviços públicos com as assinaturas digitais.
A digitalização de serviços possibilita a vantagem de se ter todas as etapas do processo documentadas ao longo dos fluxos operacionais.
Cada servidor, ao trabalhar com as diferentes etapas de um processo, deixa suas atualizações documentadas e autenticadas por meio de assinaturas digitais.
As assinaturas digitais possuem o mesmo valor que as assinaturas físicas. Essa garantia é conferida por leis brasileiras específicas.
A digitalização, integração, armazenamento em nuvem, inteligência artificial e assinatura e autenticação digital são algumas das muitas possibilidades com a tecnologia a serviço das organizações.
O que podemos notar é que o Brasil ainda está nos passos iniciais para conseguir melhorar a relação dos governos com os cidadãos.
O interessante é que cada vez mais, gestores públicos têm deixado de considerar a digitalização como parte dos planos de governanças. Nesse sentido, a digitalização tem se tornado uma marca de gestão inovadora, que funciona e entrega serviços de qualidade à população.
Ainda falta um longo caminho para que as administrações públicas brasileiras estejam em sintonia com as mudanças trazidas pela ideia de Governos 4.0.
Fato é que já podemos perceber em alguns estados e municípios mudanças importantes para mudar a forma como as administrações públicas atendem sua população local.
Essas mudanças têm sido colocadas em prática com o auxílio de ideias inovadoras que possibilitam a transformação dos serviços públicos. Serviços especialistas que geram mais economia ao cofres públicos, facilitam os fluxos de trabalho dos servidores, além de acelerar a entrega e a resposta ao cidadão.