O que os gestores públicos mais valorizam em um parceiro Govtech

Leonardo Casagrande
Diretor de Relações Institucionais
Outro dia, em uma reunião, um secretário me disse: “Tecnologia eu encontro em vários lugares. O que eu preciso é de alguém que entenda a realidade da minha secretaria.”
Essa fala resume o que diferencia um parceiro Govtech de um simples fornecedor de software. Hoje, prefeitos e secretários vivem cercados de ofertas de sistemas que prometem resolver tudo.
Mas, no dia a dia, o que pesa mesmo não é a tela bonita ou a proposta mais barata. É a capacidade de transformar rotina em resultado.
A diferença entre entregar sistema e gerar resultado
Prefeitos e secretários não querem mais uma plataforma para complicar o dia a dia. Eles querem resultado.
✅ Tempo de resposta menor.
✅ Mais eficiência no trabalho das equipes.
✅ Serviços digitais que funcionem de verdade para o cidadão.
Um parceiro Govtech entende que tecnologia é meio, não fim. Um fornecedor entrega login e senha. Um parceiro garante que o processo está rodando e melhorando continuamente.
Em uma cidade que visitei, o sistema de licenciamento urbano tinha sido comprado há dois anos. A equipe não usava. O motivo era simples: ninguém treinou os servidores e não havia suporte próximo.
O resultado? Processos parados, papel voltando a circular, e o gestor frustrado. Esse é o retrato do que acontece quando se tem fornecedor, mas não parceiro.
O que pesa na escolha de um parceiro
Quando converso com gestores pelo país, percebo um padrão claro do que eles mais valorizam. E cada ponto desses pode definir o sucesso ou o fracasso da digitalização:
Escuta ativa
Todo gestor sabe quando está falando com alguém que entende o problema ou só quer vender. Escuta ativa significa mergulhar no fluxo da secretaria, entender onde trava, e propor solução ajustada à realidade local.
Não adianta apresentar pacote pronto quando o gargalo está em outro lugar.
Capacidade de adaptação
Cada prefeitura tem seu próprio desenho de lei, organograma e cultura interna. Copiar e colar sistema de um lugar para outro não funciona. Gestores valorizam quem adapta tecnologia ao contexto, em vez de forçar a prefeitura a se adaptar ao software.
Compromisso com resultado
Não basta exibir dashboards coloridos em apresentações. Resultado real é reduzir o tempo médio de resposta, aumentar a transparência, melhorar a experiência do cidadão. E esse resultado precisa ser acompanhado com métricas claras, não com discurso.
Suporte próximo
Gestor não tem tempo para abrir chamado e esperar dias por resposta. Ele valoriza quem está ao lado, que resolve rápido e acompanha de perto. Em muitos casos, essa proximidade é o que diferencia uma plataforma que permanece em uso de outra que morre esquecida no servidor da prefeitura.
Confiança vale mais que contrato
Um contrato pode até garantir a entrega de uma plataforma. Mas é a confiança que garante evolução, ajustes e a transformação real da gestão.
Já vi casos em que a prefeitura precisava integrar o sistema com outro órgão ou adaptar a ferramenta a uma nova lei municipal. O fornecedor dizia “não está no escopo”. O parceiro dizia “vamos resolver”. Essa diferença é decisiva.
Gestores valorizam quando percebem que não estão sozinhos. Eles sabem que um sistema é só o começo — o que sustenta a mudança é a relação construída ao longo do tempo.
Velho fornecedor x novo parceiro
A comparação é direta e fácil de enxergar no dia a dia:
O velho fornecedor entrega login e senha.
O novo parceiro entrega processo rodando.
O velho fornecedor fala de tecnologia.
O novo parceiro fala de impacto.
O velho fornecedor cumpre contrato.
O novo parceiro compartilha responsabilidade.
Na prática, é isso que muda a gestão.
Quando a parceria faz a diferença
Um exemplo claro aconteceu em uma prefeitura que estava travada no licenciamento de obras. O sistema anterior gerava mais retrabalho do que solução.
O parceiro Govtech entrou, reconfigurou fluxos junto com a equipe técnica e, em menos de seis meses, os processos passaram a tramitar em dias em vez de meses.
O impacto foi imediato: servidores com mais tempo para análise de qualidade e cidadãos satisfeitos com a agilidade.
Esse tipo de transformação não acontece com fornecedor distante. Acontece com parceria próxima, que combina tecnologia e envolvimento humano.
O futuro da relação entre gestão pública e Govtech
O mercado govtech cresce rápido. Mas cresce também a exigência dos gestores. O que antes parecia inovação — como colocar um formulário online — hoje é básico.
O próximo passo é ainda mais desafiador: inteligência artificial, automação total de fluxos, análise preditiva. Mas nada disso vai fazer sentido se não houver parceria.
IA sem alinhamento vira mais uma ferramenta subutilizada. Automação sem escuta vira burocracia digitalizada.
Gestores públicos não precisam de mais sistemas. Precisam de aliados. O que eles mais valorizam em um parceiro é simples: a capacidade de transformar discurso em prática, contrato em confiança e tecnologia em resultado.
Quem está ao seu lado hoje, um fornecedor ou um parceiro de verdade?

Leonardo Casagrande
Sou arquiteto e urbanista, e desde 2019 atuo na transformação do setor público. Já percorri mais de 25 mil quilômetros de norte a sul do Brasil modernizando prefeituras. Participei do projeto de modernização da Prefeitura de São Paulo, com a criação do portal de licenciamento urbano da maior metrópole da América Latina. Hoje, como Diretor de Relações Institucionais na Aprova, lidero o relacionamento com prefeituras e o desenvolvimento de soluções personalizadas para a realidade do setor. Acredito que inovação pública começa pela escuta, que é o que transforma tecnologia em resultado.