A transformação digital no setor público é um posicionamento estratégico. Esse tema tem gerado debates e iniciativas não só no Brasil, mas tem marcado espaço, também, nas agendas internacionais.
Mas engana-se quem acha que a transformação digital no setor público de um país se resume apenas à implementação da tecnologia.
Além da adoção prática de planos que estimulem o uso das ferramentas tecnológicas para mudar o cenário do serviço público, transformar um país, nesse sentido, começa também pela transformação da cultura.
Para entender o que perpassa a transformação digital no setor público, continue a leitura do nosso texto desta semana.
Mas o que queremos dizer ao falarmos sobre cultura?
Ao colocarmos essa ideia na mesa, nos referimos à cultura institucional brasileira. De nada adianta a implementação de ferramentas tecnológicas se seus usos não estiverem baseados na realidade e no que pode ser gerado a partir de seu uso.
Usar a tecnologia para reconstruir o país e transformar seus serviços ofertados é apenas parte de um processo que, na prática, se mostra mais complexo.
Acionar essa ideia sobre uma cultura institucional que esteja baseada na transformação digital é assumir que para fazer o país realmente se desenvolver é preciso tornar a tecnologia como fonte principal de recursos para todas as gestões.
A transformação digital, como já deu para perceber, vai além do uso puramente tecnológico. Podemos dizer também que é importante dispensar a ideia que transformar o país com o auxílio da tecnologia se resumiria em digitalizar documentos.
O movimento crescente que defende o uso da tecnologia para transformar o país está ancorado essencialmente na mudança da entrega dos serviços, sobretudo para uma das pontas desse cenário complexo: neste caso, o cidadão.
Qual o valor, ou valores, as gestões públicas pretendem entregar à sociedade?
Tentar responder essa pergunta, que pode parecer simples, pode ajudar as administrações públicas a traçarem modelos de negócios inovadores a partir do uso da tecnologia e que gerem valor à sociedade.
Ao aderir a mudança dos serviços públicos por meio da transformação digital quero gerar eficiência, assertividade, transparência, agilidade ou a simplificação dos processos? Ou, ainda, seriam todos esses aspectos de uma vez só?
Transformar o setor público pela via da digitalização dos processos se resume na transição de processos que ainda são convencionais.
Esses processos são caracterizados pela execução manual dos serviços que, na maioria dos casos, são ineficientes.
Portanto, a transformação digital é sair desses modelos manuais para modelos de negócios públicos 100% digitais e integrados.
Esses modelos 100% digitais e integrados vão possibilitar aquele conjunto de valor descrito anteriormente: eficiência, assertividade, transparência, agilidade e simplificação dos processos.
Se você passear pelos portais digitais públicos vai perceber alguns indicativos práticos sobre a transformação digital das administrações públicas.
Contudo, esse caminho ainda se mostra longo, ora por aquela ausência de mudança cultural, sobre a qual falamos, ora por questões legais da legislação do país que, em muitos casos, esbarram ou entram em conflito com as demandas contemporâneas da sociedade. Percebe-se aí um evidente descompasso.
Já sabemos que a transformação digital simplifica processos, aumenta a eficiência de entrega, facilita o trabalho dos servidores, sobretudo em órgãos públicos que carecem dessa mão de obra.
Por fim, ao possibilitar a prática objetiva dessas mudanças, aumenta-se a satisfação da população a respeito do funcionamento público.
A transformação digital deve ser guiada, contudo, pela seguinte questão: quais problemas precisam ser resolvidos no funcionamento das administrações públicas?
A pergunta pode parecer genérica, sobretudo porque cada órgão público, em diferentes estados e municípios, enfrenta problemas bem particulares e diversos.
Mas a transformação digital no setor público norteada por essa pergunta básica pode simplificar bastante o caminho dos órgãos públicos.
Como já comentamos anteriormente, já conseguimos perceber um certo movimento dos órgãos públicos no caminho da transformação digital.
Atualmente, por exemplo, o cidadão já consegue ter acesso a uma diversidade de documentos digitais como CNH, Título de Eleitor, consultas para o CPF, entre outros serviços.
É possível ainda abrir empresas, solicitar alvarás e licenciamentos digitais em alguns casos.
O esforço dos órgãos públicos têm sido, ou deveria ser, em integrar serviços de diferentes níveis e administrações públicas.
A falta de integração faz parecer que o governo é particionado ao lidar com o cidadão. Obviamente, na prática o governo é particionado porque envolve várias esferas.
Mas na experiência do cidadão ao lidar com os serviços públicos, isso deveria ser diferente.
Além dos processos burocráticos enfrentados em uma mesma esfera do poder público, por exemplo a municipal, quando o tipo de serviço envolve outros órgãos como nível estadual e federal, a coisa se complica ainda mais.
Nesse sentido, implementar serviços que simplesmente digitalizem modos convencionais de trabalho ou puramente altere o acesso do cidadão, é pouco eficaz e não possui quase nenhum valor ao ser entregue à sociedade.
A demanda é transformar o processo e o 'diálogo' entre os diferentes níveis dos poderes públicos. É possível fazer? Sem dúvidas!
É o que você, gestor público precisa estar atento no processo de transformação digital no setor público.
Atenção!
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