
O problema que se repete em 9 de cada 10 serviços públicos

Marco Antonio Zanatta
Fundador e CEO da Aprova
Você já parou para pensar quanto tempo sua equipe gasta conferindo RG, CPF e comprovante de residência?
Pois é. Essa é a rotina oculta de quase toda prefeitura no Brasil.
Segundo um levantamento da Aprova, 91% das solicitações de serviços públicos exigem esse tipo de documentação básica. Sim, 9 em cada 10 serviços disponíveis em prefeituras, exigem a conferência dos mesmos documentos.
O resultado? Cada servidor perde, em média, 108 dias úteis por ano apenas checando papéis.
Na prática, é como se metade do ano de trabalho fosse consumida por uma tarefa que já poderia estar totalmente automatizada.
O desperdício que ninguém vê
Documentos repetidos, protocolos físicos, retrabalho. Esse é o “iceberg invisível” da gestão pública: uma camada enorme de tempo e recursos gastos em algo que não gera valor direto para o cidadão.
Enquanto isso, a demanda por serviços só cresce. Servidores se sobrecarregam. Cidadãos se frustram. E o sistema se arrasta.
Será que faz sentido, em 2025, manter milhares de servidores presos a tarefas que a inteligência artificial já executa em segundos?
Quando a IA entra em cena
Não estamos falando de promessas futuristas. A transformação já está em curso.
👉 Em Cascavel (PR), a triagem documental automatizada validou mais de 3.500 documentos em apenas três meses. A economia estimada é de até R$ 360 mil por secretaria ao ano. E o ganho vai além do financeiro: servidores foram liberados para focar em análises mais complexas.
👉 Em Florianópolis (SC), a IA analisa automaticamente documentos no licenciamento de obras. Já na etapa de consulta de viabilidade, o sistema indica se o projeto está compatível com os parâmetros definidos. Resultado: menos retrabalho técnico e mais agilidade na decisão.
Esses exemplos mostram que não se trata de substituir pessoas, mas de liberar sua capacidade.
Veja como a inteligência artificial é estratégica nas ações da Secretaria de Planejamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano de Florianópolis.
O papel do servidor não desaparece, se fortalece
Muitos ainda veem a IA como ameaça. É um erro.
O maior ganho da automação é permitir que o servidor volte a fazer o que só ele pode: decidir, interpretar, criar soluções para problemas reais.
Deixar que um ser humano gaste horas conferindo um comprovante de endereço não é eficiência. É desperdício.
A transição necessária
Mas há um ponto crucial: a IA não é uma “caixa mágica” que resolve tudo. Para dar certo, precisa de base sólida:
Processos estruturados – fluxos claros e bem definidos.
Digitalização – documentos nativos digitais, não arquivos escaneados.
Governança de dados – confiança na origem e integridade da informação.
Capacitação de equipes – servidores preparados para operar nesse novo modelo.
Sem isso, a IA vira apenas uma promessa cara.
A pergunta que fica
Se já sabemos que metade do tempo dos servidores está sendo desperdiçada…
Se já temos tecnologia comprovada em cidades brasileiras…
Se a pressão por eficiência e transparência só aumenta…
O que ainda estamos esperando?
O setor público não pode mais tratar a inteligência artificial como promessa. Ela já é indispensável.
E quanto antes encararmos isso, mais cedo veremos o servidor fazendo aquilo que só ele pode fazer: governar com inteligência.


Marco Antonio Zanatta
Sou fundador e CEO da Aprova, govtech referência em gestão, automação e inteligência artificial aplicada a processos eletrônicos públicos. Há quase uma década acompanho de perto a transformação digital em dezenas de prefeituras brasileiras. Me siga para ver como estamos, agora com o apoio do Banco do Brasil, construindo soluções inovadoras para o setor público.