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Por que tantos municípios estão no vermelho e como combater o déficit fiscal
Déficit fiscal atinge 54% dos municípios e chega a R$ 33 bilhões. Veja causas, dados atualizados e um passo a passo real para combater o déficit fiscal usando eficiência, gestão e tecnologia.
18/11/2025
Déficit fiscal: o que é e por que virou regra nos municípios
Déficit fiscal ocorre quando o município gasta mais do que arrecada. É o sinal mais evidente de desequilíbrio financeiro. Em 2024, esse problema atingiu uma escala inédita.
Um estudo recente da Confederação Nacional de Municípios (CNM) revelou o pior cenário fiscal da história:
54% das prefeituras fecharam o ano no vermelho, acumulando um déficit de R$ 33 bilhões.
A deterioração é generalizada. Afeta municípios de todos os portes e regiões. Dos 26 estados, 19 governadores também registraram déficits primários. A crise é nacional. Mas o impacto maior recai sobre a base: o município.
O rombo fiscal não é apenas uma conta que não fecha. É o sintoma de um modelo de gestão que não escala, não acompanha a demanda e exige mais do que as finanças locais comportam.
Por que o déficit fiscal cresce ano após ano
A CNM aponta três causas centrais. Todas estruturais. Nenhuma se resolve com cortes pontuais.
1. Crescimento acelerado das despesas primárias
As despesas primárias são o custo para manter o Estado funcionando. Aqui entram:
folha de pagamento;
encargos;
custeio;
manutenção;
contratos;
prestação de serviços.
Essas despesas cresceram acima da inflação. Enquanto a União e os estados ampliaram o funcionalismo em 2,4% e 10,2% entre 2010 e 2022, os municípios foram além: o número de servidores municipais saltou de 5,8 milhões para 7,6 milhões — crescimento de 31%, segundo a CNM.
Esse ritmo não acompanha o crescimento das receitas.
2. A máquina pública custa mais do que arrecada
Com a expansão do funcionalismo e das demandas, o ciclo fiscal se torna insustentável. A conta fecha assim:
mais pessoal
mais encargos
mais custeio
mais contratos
mais folha
menos recurso para investimento
menos fôlego para políticas públicas
A despesa obrigatória cresce. A receita estagna. O déficit aparece.
3. O impacto é maior em pequenos e grandes municípios
Os dados mostram o tamanho do salto:
Pequeno porte: déficit passou de R$ 0,4 bi para R$ 5,8 bi
Médio porte: de R$ 2,2 bi para R$ 8,4 bi
Grande porte: de R$ 12,7 bi para R$ 18,5 bi
Os maiores problemas concentram-se:
65% dos municípios grandes
57% dos municípios pequenos
Isso revela um cenário claro: o país inteiro enfrenta o mesmo dilema estrutural.
O ciclo que empurra o município para o déficit
Mesmo quando há vontade política, o modelo atual não fecha. A máquina pública funciona com processos manuais, lentos e fragmentados, que exigem equipes grandes para dar conta do básico.
O problema não é apenas orçamentário, é operacional. Processos físicos ou sem automatização:
exigem mais servidores para a mesma entrega;
empurram análises para prazos longos;
travam licenças essenciais à arrecadação;
atrasam projetos e obras;
prejudicam o ciclo econômico local.
Segundo o secretário de Fazenda da Prefeitura de Lagoa Santa (MG), Dalmar Moraes Duarte,
“Se os municípios não investirem em tecnologia, eles virarão grandes centros de RH de pagador de folhas. A arrecadação mal cobre a folha. E não sobra dinheiro para prestar serviço para a população.”
Essa fala não é uma crítica ao servidor, é um alerta ao modelo. E o modelo atual tem limites claros.
Como a tecnologia ajuda a combater o déficit fiscal
Dalmar reforça um ponto central: sem tecnologia, folhas crescem porque processos manuais não escalam.
“Um processo administrativo físico exige três, quatro, cinco servidores. No digital, um servidor faz muito mais.”
Esse impacto aparece imediatamente:
mais produtividade;
menos pressão sobre a folha;
mais capacidade de resposta;
análises mais rápidas;
receita fluindo antes.
Mas a leitura mais importante é esta:
“Não estamos tirando vagas de servidores. Essas vagas não existem. Para prestar serviço com qualidade, seria preciso contratar muito mais. E o município não tem recurso para isso.”
Os números da CNM confirmam: O déficit cresce porque a máquina cresce mais rápido do que a capacidade de arrecadar. Tecnologia não substitui servidor. Substitui gargalo, repetição, atraso, papel e lentidão. Substitui o custo do atraso.
Três efeitos diretos da tecnologia como aliada
O impacto da digitalização ocorre em três linhas fiscais.
1. Aumento da produtividade sem ampliar folha
Quando o município automatiza:
triagens;
análises;
conferências de documentação;
circulação de processos entre secretarias;
ele libera horas de trabalho para decisões, não para tarefas repetitivas. Isso resolve um ponto fiscal crítico: o gasto não cresce junto com a demanda.
2. Aumento da arrecadação própria
Processos digitais aceleram:
licenciamento;
atualização cadastral;
cobrança de taxas;
concessão de alvarás;
entrada de novos empreendimentos.
Quando licenças saem mais rápido, o ciclo econômico local gira antes. O município arrecada mais cedo e mais vezes.
3. Redução dos custos invisíveis
Os custos invisíveis da máquina física são altos:
deslocamentos internos;
extravios;
retrabalho;
atrasos;
burocracias paralelas;
acúmulo de processos.
A digitalização elimina esses custos. E libera orçamento para áreas essenciais.
O passo a passo para combater o déficit fiscal nos municípios
O equilíbrio fiscal não vem de cortes isolados. Vem de organização, priorização e tecnologia aplicada ao volume real da administração pública.
1. Diagnosticar o peso da folha
Entender:
evolução dos últimos 5 a 10 anos;
riscos ligados à LRF;
impacto dos encargos;
áreas mais pressionadas.
2. Identificar gargalos que travam arrecadação
Perguntas essenciais:
quantos dias uma licença leva para ser emitida?
quanto a cidade deixa de arrecadar por atraso?
quantos processos estão parados?
quais rotinas consomem mais servidores?
3. Priorizar a digitalização dos processos com impacto fiscal direto
Aqui entram:
licenciamento urbano;
obras e habite-se;
regularização;
tributação;
atualização imobiliária.
São áreas que aceleram entrada de receita.
4. Integrar dados para decisões rápidas
O município precisa de:
dashboards atualizados;
indicadores de arrecadação;
mapas de inadimplência;
controle de tramitações.
Sem dados, não há gestão fiscal. Sem gestão, não há equilíbrio.
💡Veja o que diz o Prefeito de São Carlos/SP, Netto Donato, sobre a importância dos dados na gestão pública. Assista:
5. Valorização do servidor e reorganização das funções
Dalmar reforça:
“Os servidores precisam ser valorizados, mas não precisam entrar em 100% folha. A tecnologia permite que o dinheiro seja investido no serviço, na escola, na saúde, no transporte.”
O servidor é estratégico, mas precisa atuar onde gera impacto, não onde a máquina está emperrada.
Criar rotina mensal com:
Resultado Primário;
Resultado Nominal;
Receita Corrente Líquida;
Despesa de Pessoal;
Indicadores de execução;
Volume de processos de alto impacto fiscal.
Esse acompanhamento reduz riscos. E permite correção de rota antes que o déficit apareça.
Lagoa Santa e a visão fiscal baseada em produtividade
Lagoa Santa demonstra como municípios podem enfrentar o déficit antes que ele apareça. O processo começou entendendo que:
não há como contratar mais servidores;
a demanda continuará crescendo;
o modelo físico não fecha;
a tecnologia multiplica a capacidade produtiva.
Com a Aprova, a cidade estrutura uma administração mais leve, rápida e capaz. E reduz o risco de entrar no ciclo fiscal que hoje pressiona mais da metade dos municípios brasileiros.

O que acontece quando o município não age
Os dados da CNM mostram o cenário:
perda contínua de capacidade de investimento;
dependência crescente de transferências;
risco de descumprimento da LRF;
engessamento da máquina;
queda da competitividade local;
aumento da renúncia fiscal involuntária;
serviços públicos degradados;
pressão política permanente.
O déficit fiscal não é o problema final, é o resultado final de uma cadeia de ineficiências. Sem modernização, o cenário se repete. Com modernização, o ciclo muda.
Conclusão
O déficit fiscal não é só uma linha vermelha na planilha. É o reflexo de um modelo que cobra mais do que o município consegue entregar. Resolver o déficit fiscal exige:
organizar processos;
reduzir gargalos;
aumentar produtividade;
destravar arrecadação;
valorizar o servidor;
usar tecnologia como base da gestão.
É assim que os municípios deixam de ser “grandes departamentos de RH” e voltam a fazer o que o Estado existe para fazer: prestar serviço à população.
FAQ — Perguntas mais buscadas sobre déficit fiscal
1. O que é déficit fiscal municipal?
É quando as despesas superam as receitas no resultado anual.
2. Déficit fiscal é crime?
Não. Mas descumprir limites legais da LRF gera punições administrativas.
3. Por que tantos municípios estão no vermelho?
Crescimento da folha, despesas primárias em alta e baixa capacidade de arrecadação.
4. Como aumentar a arrecadação sem aumentar impostos?
Investindo em tecnologia, automatizando processos, acelerando licenças e atualizando cadastros.
5. O que mais pesa no orçamento dos municípios?
Despesa com pessoal, encargos e custeio da máquina pública.
6. Qual o impacto da automatização na saúde fiscal?
Aumenta produtividade, reduz custos invisíveis e acelera arrecadação.
7. Qual o limite de folha da LRF?
60% da Receita Corrente Líquida.
8. Como saber se meu município corre risco fiscal?
Acompanhe mensalmente o RREO e os indicadores fiscais disponíveis no portal da transparência.






